quarta-feira, 5 de março de 2014

Roquette-Pinto pai da Radio Difusão

Edgar Roquette-Pinto, pai da radiodifusão no Brasil.
Edgard Roquette-Pinto, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 25 de setembro de 1884, filho de Manuel Menelio Pinto e de Josefina Roquette Carneiro de Mendonça. Foi criado pelo avô João Roquette Carneiro de Mendonça. Fez o curso de humanidades no Externato Aquino. Ingressou, em seguida, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Colou grau em 1905. Logo depois de formado iniciou uma série de estudos sobre os Sambaquis das costas do Rio Grande do Sul.

Professor assistente de Antropologia no Museu Nacional em 1906, tornou-se em pouco tempo conhecido como um dos mais sérios antropólogos que o país conhecera. Delegado do Brasil no Congresso de Raças, realizado em Londres, em 1911, resolveu passar mais algum tempo na Europa, a fim de dar prosseguimento aos estudos, com os professores Richet, Brumpt, Tuffier, Verneau, Perrier e Luschan.



Entre julho e novembro de 1912, Edgard Roquette-Pinto, conhecido como pai do rádio no Brasil, acompanhava o sertanista e militar Cândido Rondon em expedição pela Serra do Norte. Ao longo da viagem, o interesse de Roquette pela diversificada constituição do povo de seu país transformou-o em sociólogo, geógrafo, arqueólogo, fotógrafo e folclorista, apesar de seu diploma ter sido emitido pela faculdade de medicina. Na volta, trouxe vasto material etnográfico e, como resultado dessa viagem, publicou em 1917 o livro Rondônia - Antropologia etnográfica, considerado um clássico da antropologia brasileira.

Professor de História Natural na escola normal do Distrito Federal (1916) e professor de Fisiologia na Universidade Nacional do Paraguai (1920). Roquette Pinto foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Academia Brasileira de Ciências, da Sociedade de Geografia, da Academia Nacional de Medicina, da Associação Brasileira de Antropologia (da qual foi presidente de honra) e de inúmeras outras associações culturais, nacionais e estrangeiras. Foi um dos fundadores do Partido Socialista Brasileiro.

No ano que comemorou o I Centenário da Independência do Brasil, ocorreu no Rio de Janeiro, por ser, na época, a capital federal, uma grande feira internacional, que recebeu visitas de empresários americanos trazendo a tecnologia de radiodifusão para demonstrar na feira, que nesta época era o assunto principal nos Estados Unidos. Para testar o novo meio de comunicação, os americanos instalaram uma antena no pico do morro do Corcovado (onde atualmente é o Cristo Redentor). A primeira transmissão radiofônica no Brasil foi um discurso do presidente Epitácio Pessoa, que foi captado em Niterói, Petrópolis, na serra fluminense e em São Paulo, onde foram instalados aparelhos receptores. A reação de Roquette-Pinto a essa tecnologia foi: "Eis uma máquina importante para educar nosso povo".

Depois da primeira transmissão no Brasil, em 1922[2], Roquette Pinto tentou convencer o Governo Federal a comprar os equipamentos apresentados na Feira Internacional. Para o bem da comunicação do Brasil, Roquette-Pinto não desistiu, e conseguiu convencer a Academia Brasileira de Ciências a comprar os equipamentos. Fundou, em 1923, na Academia Brasileira de Ciências, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (atual Rádio MEC), que tinha fins exclusivamente educacionais e culturais. A primeira transmissão aconteceu às 20h30 do dia 1º de maio. O evento aconteceu no interior de uma sala de física da Escola Politécnica, com o equipamento de radiotelegrafia que a Western Eletric trouxera dos Estados Unidos para a Exposição Comemorativa do 1º Centenário da Independência. Os poucos ouvintes da Estação da Praia Vermelha puderam ouvir, anunciado por Caubi Araújo, o discurso de inauguração da Rádio Sociedade, realizado por seu idealizador Edgar Roquette Pinto. Estava dado o passo inicial para divulgação da arte, cultura e educação através das ondas curtas de rádio.

Em 1936, os aparelhos de rádio já podiam ser comprados em lojas do ramo. Nesse mesmo ano, a Sociedade Rádio do Rio de Janeiro foi doada ao Ministério da Educação e Cultura (MEC), que tinha como titular Gustavo Capanema, que comunicou a Roquette-Pinto que a rádio seria incoporada ao tão temido Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão responsável pela censura durante a era de Getúlio Vargas.

Roquette-Pinto ficou indignado com a proposta de incorporação ao DIP e exigiu a autonomia da rádio, para preservar a função educativa que ela tinha. Roquette Pinto ganhou a disputa, e a rádio MEC mantém até o hoje o mesmo ideário. Consta que, ao se despedir do comando da emissora que fundara, sussurrou chorando ao ouvido da filha Beatriz: "Entrego esta rádio com a mesma emoção com que se casa uma filha". Fundou o Instituto Nacional do Cinema Educativo, em 1937, que dirigiu até 1947, época em que orientou a parte histórica do filme Descobrimento do Brasil.

Esteve em vários congressos nacionais e internacionais sobre temas de sua especialidade. Em 1940 foi eleito diretor do Instituto Indigenista Americano do México. No mesmo ano esteve no México e nos Estados Unidos. Roquette-Pinto era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Academia Brasileira de Ciências, da Sociedade de Geografia, da Academia Nacional de Medicina e de inúmeras outras associações culturais, nacionais e estrangeiras.
Obras: O exercício da medicina entre os indígenas da América (1906) Excursão à região das Lagoas do Rio Grande do Sul (1912) Guia de antropologia (1915) Rondônia (1916) Elementos de mineralogia (1918) Conceito atual da vida (1920) Seixos rolados Estudos brasileiros (1927) Glória sem rumor (1928) Ensaios de antropologia brasiliana (1933) Samambaia, contos (1934) Ensaios brasilianos (1941) além de grande número de trabalhos científicos, artigos e conferências, publicados de 1908 a 1926, em diferentes revistas e jornais.

Notas: O nome do escritor, segundo as normas ortográficas vigentes, deve ser grafado Edgar Roquete-Pinto A bem da verdade, a primeira emissão radiofônica do Brasil ocorreu no Recife, com a Rádio Clube de Pernambuco, em 6 de abril de 1919, noticiada um dia depois no Jornal do Recife, periódico já extinto. (Ver Mais velha que o rádio ). Apesar de ter sido considerada a primeira rádio do Brasil, ela foi criada 4 anos depois da Rádio Clube de Pernambuco, que, embora tenha sido noticiada e conhecida sua criação e radiodifusão, não tinha apoio oficial.

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